O Thanos de Hollywood

 

Há anos que a Walt Disney Company vem se consolidando como uma das maiores empresas de entretenimento. Afinal, ela tem embaixo de suas asas, estúdios e marcas como Pixar, ESPN, ABC STUDIOS, Touchstone Pictures, Marvel, Lucasfilm e recentemente a 21st Century Fox, o maior braço midiático da News Corporation, controlada pelo bilionário Rupert Murdoch. A empresa do rato mais famoso do mundo comprou a casa dos Simpsons pela bagatela de mais de 70 bilhões de dólares (aproxidamente bilhões de reais). Mas porque esse valor todo? Quais estúdios farão parte do conglomerado da Disney? Quais as consequencias disso para a indústria? Calma, padawan, tudo ao seu breve tempo. Fique com um breve meme para acalmar a ansiedade.

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Compra mais que tá pouco

Tudo teve início em 2017, quando rumores apontavam que a Disney estaria disposta a comprar uma parte da terceira maior empresa de mídia dos EUA, a News Corp. Não muito tempo depois, em dezembro do mesmo ano, as duas empresas entraram num acordo inicial de 50 bilhões de dólares onde todos os estúdios da FOX seriam a responsabilidade da Disney. Em julho de 2018, após o vai e vem das duas empresas, o Department of Justice determinou que a compra só poderia ser aprovada caso a Disney abrisse mão dos canais de notícias e de esportes da FOX (Fox News e Fox Sports) já que a mesma possui a ESPN e ABC sob seu teto. No começo a Disney não aceitou os termos, mas quando viu que uma empresa rival, a Comcast começou a entrar na jogada para comprar a 21st Century Fox, se aquietou e concordou em deixar de lado os canais. Com isso, a compra foi aprovada.

Em março desse ano, a compra foi totalmente oficializada e a Disney agora detém os direitos da 20th Century Fox, Blue Sky Studios, Fox Channel, Fox Searchlight Pictures, a National Geographic dentre outras divisões. No setor de filmes, séries e animações, a empresa controla agora por exemplo as franquias Alien, Planeta dos Macacos, Avatar, X-Men, Deadpool, A Era do Gelo, Simpsons, Family Guy. Com isso, para a alegria dos nerds de plantão, os X-Men podem finalmente se juntar ao Universo Cinematográfico da Marvel (UCM), que está concluindo o seu primeiro arco com Vingadores: Ultimato.

O ratinho virou ratão. Where’s your God now?

O seu lado nerd, cinéfilo deve estar PULANDO de alegria ao ouvir que a Disney comprou suas franquias favoritas. Mas, entretanto, porém, todavia, o seu lado CONSUMIDOR deveria ficar bem preocupado. Agora passamos da utopia linda dos nerds, para o lado obscuro monopolizador predatório da Disney.

Vamos começar pelas estreias que a Disney tem só nesse ano de 2019:

1- Capitã Marvel (que já arrecadou mais de 1 Bilhão de Dólares em bilheteria mundial)

2- O remake de Dumbo ( com 250 milhões de dólares até agora arrecadados)

3- Vingadores Ultimato (como diria Ciro Gomes: VAI DAR BILHÃO)

4- Aladdin

5- Toy Story 4

6- Rei Leão

7- Artemis Fowl

8- Frozen 2

9- Star Wars 9

E esses são ainda os filmes da Disney, sozinha. Se contar com as da FOX nesse ano ainda temos:

1- X-Men Fênix Negra

2- Os Novos Mutantes

3- O novo Exterminador do Futuro

4- Kingsman 3 (precisa?)

Só de ler isso, sua carteira já deve ter pedido clemência, porque esse ano não vai ter dó dela.

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Bob Iger (Presidente da Disney, à esquerda) e Rupert Murdoch (Presidente da News Corp, à direita). “Dude, we rich”

Onde isso afetará o seu lado como consumidor de cinema? Simples. Como a DIsney já afirmou que pretende ressuscitar algumas franquias e continuar com algumas, será uma enxurrada de blockbuster para tudo quanto é lado. A FOX lançava, por ano, uma média de 12 filmes, entre blockbusters e flmes independentes. Eu disse “lançava”, porque agora com a Disney, ela limitará o lançamento de apenas QUATRO filmes da FOX por ano. Serão blockbusters e olhe lá. Com essa agenda lotada de blockbusters, o público ficará saturadíssimo desses filmes.

O problema não é só pela quantidade menor de lançamentos, mas sim o tipo de filme. A FOX sempre navegou em genêros diferentes, enquanto que a Disney sempre ficou no conceito “family-friendly”. Filmes como Logan, Deadpool, Perdido em Marte, A Forma da Agua, nunca dariam certo nas mãos da Disney. Resta-nos esperar para ver qual o futuro dessas franquias.

Além disso temos outro empecilho causado pela compra. O mercado, a CONCORRÊNCIA. Em 2018, o market share da Disney foi de 26,0%, enquanto o da Warner Bros foi de 16,3% e o da Universal 16%. Só para se ter uma ideia da dimensão da coisa, em 2008 a Warner tinha mais market share do que a Disney, 18% contra “ínfimos” 13,6%. Era mais distribuído e equilibrado, a diferença era de apenas 5 pontos percentuais.  O oposto do que é hoje. Com a aquisição da FOX o market share da Disney pode DOBRAR. Sim, chegar em até 40%!! Quase metade dos lucros dos estúdios de cinema nos EUA serão só da Disney. E ainda nem falei do streaming.

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Se liga na Paramount

A única vencedora nessa imbróglio todo claramente é a Disney (e o Murdoch com seus 71 bilhões, mas isso é outra história). Com um estúdio a menos no ringue, um serviço de streaming que baterá de frente com a Netflix e uma duradoura liderança no market share, a Disney continuará a manter seu império vivo por mais um século. Basta apenas comprar a Sony, que detém os direitos do Homem-Aranha, que a Disney, num estalar de dedos, acabará com metade dos estúdios de Hollywood. É o Thanos da vida real.

Direitos Autorais de músicas para iniciantes, por iniciantes

Como funciona o direito autoral de uma música?

Na maioria das vezes, uma música possui duas categorias, ou “figuras” de direitos autorais: A obra musical (Publishing), e o fonograma (Master Recording).

A Obra Musical são os direitos da letra e melodia de uma canção. Uma música como Eleanor Rigby (The Beatles, 1966), por exemplo, é uma composição de Paul McCartney com John Lennon. Apesar de ser uma gravação dos The Beatles, os direitos da obra musical são apenas dos dois. Se hoje, Ringo Starr cantasse a música em um show, ela seria um cover e não uma música propriamente dele, mesmo que ele esteve envolvido na gravação original.

Já o Fonograma é a gravação e realização da obra. Também é quando ela é fixada em algum suporte material, como um CD, serviço de streaming, etc. É nessa etapa em que o produtor, gravadora e o artista entram, que no caso de Eleanor Rigby são George Martin, Parlophone e a banda The Beatles, respectivamente. Eles possuem os direitos do Fonograma, e dividem entre si quanto por cento cada um tem, e quanto recebem pela reprodução e vendas da obra.

Eleanor Rigby, Lado A de Yellow Submarine

A divisão em si

Tanto na obra musical, quanto no fonograma, não existem regras de como as divisões dos direitos devem ser feitas. Tudo depende da situação e do contrato fechado. Dois compositores podem dividir os direitos da obra musical de diversas maneiras: 50% para cada; 75% para um e 25% para o outro; ou qualquer outra porcentagem decidida por eles, sendo que algumas vezes, a gravadora pode também ser envolvida e obter alguma porcentagem. E o mesmo acontece com os direitos do Fonograma, que na maioria das vezes é dividida entre o artista, a gravadora e o produtor.

E covers na internet?

Covers na internet são cada vez mais populares, artistas crescem fazendo suas versões de músicas famosas, então lançam obras originais, e entram no ciclo de terem covers de suas canções. Mas como funciona o direito autoral de cantar uma música que não é minha?

Shawn Mendes, em 2013 gravava covers e postava no YouTube

Voltando ao exemplo de Eleanor Rigby, ao gravar um cover e postá-lo no YouTube, os direitos da obra musical continuam sendo de McCartney, mas eu acabo criando um novo Fonograma, uma nova versão da música original. Por isso existe a divisão entre obra musical e fonograma, eu tenho os direitos da minha versão, mas não das letras e melodias originais.

Outra coisa que muitos pensam, é que postar um cover sem fins lucrativos não é um problema. Mas na verdade, você estaria espalhando a composição e trabalho de outra pessoa de graça, sem que ela receba nada. Aqui entra o “Mechanical License”, que se resume em pagar o compositor, para adquirir os direitos de uma música para trabalhar em cima, estudar, regravar, etc.

Na prática, e numa plataforma como o YouTube, postar um cover sem essa licença raramente resulta em processos. O que acontece na maioria das vezes é a monetização do vídeo postado. Mesmo que a obra musical represente apenas 25% do vídeo (o conteúdo audiovisual é dividido em 50% vídeo e 50% áudio, e desses 50%, 25% são o Fonograma e 25% são a obra musical), 100% do lucro vai para a obra musical.

Direitos autorais variam muito em qualquer ocasião. Cada país tem suas leis, artistas e compositores tem diversas visões e opiniões, e realizam seu trabalho de maneira pertinente a eles. Entender o básico nos ajuda a saber o que pode ou não pode ser feito em respeito a uma obra realizada por outra pessoa, e como proteger seus próprios trabalhos no futuro.

A Linha Tênue entre a Apropriação Cultural e as Novelas Brasileiras

“Esta é uma obra de ficção coletiva baseada na livre criação artística e sem compromisso com a realidade.”

Muitos podem nunca terem lido essa frase, mas desde outubro de 2011, ela aparece sempre fechando os créditos finais de cada capítulo de qualquer novela da Rede Globo. Mas qual o real significado e importância dessa frase? O termo ‘licença poética’ significa opiniões, afirmações, teorias e situações que não seriam permitidas fora do campo da literatura. Ou seja, significa que tudo que foi visto naquele capítulo não passa de uma obra de ficção e por isso não deve existir nenhuma relação com a realidade.

Não é de hoje, muito antes de 2011, que novelas da televisão brasileira reproduzem narrativas fora do contexto cultural brasileiro. A licença poética existe no meio das criações audiovisuais justamente para isso. A diferença da sociedade atual para a sociedade de quase dez anos atrás está na capacidade em que temos em levantar questões sociais relacionadas a esse tipo de produção. Hoje em dia, a sociedade está com um olhar mais rígido para essa linha tênue que existe entre essa licença poética e questões como a apropriação cultural. São diversos pontos levantados: “Quem está contando a história tem lugar de fala sobre o assunto? Quem está dando imagem e som a essa história tem lugar de fala sobre essa cultura?”

Os responsáveis dominantes pela criação (autores, produtores e a empresa responsável pela exibição e realização) dessas histórias minimamente, se quer ter uma boa troca com seu público responsável por sua rentabilidade, deve entender todos esses questionamentos e levantar o maior número possível de dados e de pesquisa para realizar essas produções com o máximo de legitimidade possível. Até quando histórias sobre outras culturas, vindas de pessoas que não fazem parte dessas culturas, são legítimas? Tudo vai depender do quanto os responsáveis estudaram e compreenderam sobre o assunto, e o quanto eles estão fazendo para que os verdadeiros apropriados dessa cultura tenham a maior relação possível com esse trabalho.

Mas… e a liberdade de expressão? Em 1948, foi firmado pelos Direitos Humanos que:

“Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras”.

Um ato de direito ao estado democrático. Durante tantos anos, o país esteve em luta em favor de uma sociedade inteira democrática, (re)alcançada em 1988, pela constituição firmada.

Ou seja, se é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato (inciso IV), se é livre a expressão de atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independente de censura ou licença (inciso IX), e se a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais (inciso XLI), sem ultrapassar o respeito e alcançar o discurso de ódio, por que a sociedade vem levantando mais essas questões sobre produções e apropriação cultural?

Como já citado, com o aumento das redes sociais, a fala de qualquer público que seja alcança um poder maior. E é a partir dessa fala também, que diversas outras culturas chamam atenção para a correta representação de suas vidas, de sua cultura, do seu povo.

As autoras Thelma Guedes e Duca Rachid |Foto: Isabella Pinheiro/ Gshow

No último dia 02, foi lançada na Rede Globo, a nova novela das 18h “Órfãos da Terra”, de Duca Rachid e Thelma Guedes. Essa nova obra traz uma narrativa guiada pelas questões dos refugiados no mundo. A trama central é sobre uma os dramas e dificuldades de uma família Síria (desde suas condições no país de origem, até as imigrações e moradia no Brasil), mas, em entrevista, as autoras afirmaram que ao longo do tempo, o roteiro levantará questões de refugiados de outras nacionalidades também. É uma produção delicada, onde as autoras não tem como objetivo só fazer “mais uma” história de ficção como também querem trazer relatos de realidades sociais do mundo. Mas são questões extremamente delicadas, onde a pesquisa e o “saber o que está escrevendo” são altamente importantes.

Julia Dalavia interpreta Laila em “Órfãos da Terra”, uma refugiada síria no Brasil. |Foto: Reprodução/ Globo

Segundo informações do site Observatório da Televisão, durante a coletiva de imprensa de lançamento da novela, Duca Rachid contou quais seriam os principais objetivos com a novela:

“O primeiro objetivo da novela é o entretenimento. Mas talvez a gente consiga quebrar esse falsa ideia de que existem muitos refugiados no Brasil. Segundo os dados do IPEA, o Brasil recebe em média por ano 130 mil estrangeiros. A quantidade de brasileiros espalhados pelo mundo já é de quatro milhões. Ou seja, é muito desproporcional.”

Alice Wegmann como Dalila, em “Órfãos da Terra”. Uma vilã questionada, mas justificada. |Foto: Globo

Não só o texto tem que ter essa base, como as escolhas dos cenários, locações, figurinos, direção de arte, como também as escolhas dos atores. Falando em escolhas de atores, antes mesmo da novela ir ao ar (antes mesmo das próprias chamadas serem exibidas), seguidores questionaram a atriz Alice Wegmann o porquê dela ter sido a escolhida para fazer o papel de uma Muçulmana, e não uma mulher de real origem. Nas próprias redes sociais ela publicou:

“Concordo. E acho justo esse questionamento (…) Achava que não tinha o ‘perfil’ da Dalila. E então comecei a pesquisar. A cultura árabe é imensa e o Líbano é um país bem diversificado. Nós nos inspiramos em uma blogueira muçulmana chamada Dina Tokio.”

Em entrevista à Folha de São Paulo, a atriz ressalta seu estudo sobre a personagem e a cultura:

“O propósito desta novela foi o que mais me aproximou, mais ainda do que fazer uma vilã. (…) A novela é muito humana e fala das relações, emoções e dos sentimentos que estão aí. De cara eu pensei: será que tem a ver eu fazer uma muçulmana? Depois eu fui perceber o quanto o Líbano é um país diverso, o quanto a cultura árabe é gigante. E depois de um certo estudo, tive a certeza que queria fazer.”

Renato Góes (Jamil) e Julia Dalavia (Laila), casal protagonista de “Órfãos da Terra”. |Foto: Paulo Belote/ TV Globo

A novela hoje (8), chega ao seu sexto capítulo sem mais nenhuma interferência do público com qualquer dúvida ou questão. São imagens delicadas, intensas e bem feitas. Produções pensadas nos mínimos detalhes, desde as roupas até as locações. O que resta a Duca, Thelma e toda a equipe é continuar com essa produção com um cuidado para não ultrapassar essa linha tênue intermediária entre a cultura que não é nossa e a liberdade de expressão.

O moralismo que mata.

Mais um desabafo que qualquer coisa.

No dia 31 de março de 2019 completaram-se 55 anos desde o Golpe de 64 no Brasil, o qual foi seguido por uma ditadura militar repleta de decretos que permitiam a violência, a censura e a tortura contra qualquer um que se opusesse ao regime. E infelizmente, a data é lembrada neste ano com ainda mais dor, visto que nosso próprio governo apoia de maneira escancarada um dos períodos mais sombrios da história deste país, no qual muitas pessoas foram exiladas, mortas e algumas não foram encontradas até hoje. Porém mesmo assim, o atual presidente Jair Bolsonaro grita “Viva Ustra, porque não foi golpe. Foi revolução!”

Poderia dizer que isso é triste, mas acho que não há nem palavras pra descrever o que é ter um governante assim. Todos os dias há uma notícia com algum outro absurdo que Bolsonaro postou em seu Twitter, desde vídeos pornográficos a ironias quando um deputado deixa o país sob ameaças de morte. Mas afinal, não foi ele que baseou sua campanha inteira na volta do “cidadão do bem”? Na ascensão do bom samaritano, que pratica bons costumes e luta pelas tradições familiares?

O que eu quero refletir é: como chegamos a este ponto em que precisamos brigar com parentes, porque seu tio que diz pregar o amor de Jesus, de repente resolveu rir da morte de uma criança de 7 anos, só por ela ser neta de um suposto comunista de extrema esquerda? Claro que a resposta mais coerente é citar a população cansada dos escândalos petistas, citar as fake News e o fenômeno de mensagens sem freio no WhatsApp. E isso é válido, pois há muitos brasileiros que votaram enganados pelo próprio presidente eleito. Entretanto, pra mim, é mais honesto afirmar também que grande parte das falas machistas, racistas e lgbtfóbicas não é reproduzida por consequência da desinformação. Os bolsonaristas não são burros, eles sabem e acreditam no que estão dizendo. Eles só precisavam de alguém que falasse sem filtro, sem o politicamente correto pegando no pé. Os preconceituosos sempre estiveram aí, só que agora eles não têm receio de serem assim. Se o presidente pode, por que eles não?

A ideia de cidadão do bem do Bolsonaro visa sim os bons samaritanos, mas só se eles brancos, héteros, ricos que acreditam na meritocracia e de direita. O resto é só vagabundo que devia ter sofrido na ditadura. Aliás, fica até mais interessante observar o falso moralismo nessa expressão quando se pesquisa uma de suas antigas utilidades. The Good Citizen era o nome para um jornal americano editado pelo bispo Alma White e ilustrado pelo reverendo Branford Clarke, entre 1913 e 1933, em Nova Jersey, nos Estados Unidos. E apesar de ser publicado por uma igreja, o jornal era composto por textos a favor da Ku Klux Klan, nos quais o bispo afirmava que a supremacia branca era justificada pelas escrituras sagradas.

Capa do jornal The Good Citizen.

Isso é bem similar ao nosso governo atual que, apesar da fissura em “Deus acima de tudo”, é constituído por um presidente viciado em armas, que comemora um exército impune das torturas cometidas e afirmou preferir um filho morto a um filho gay. Sim, isso parece surreal, mas é a verdade. É nessa ânsia em transformar o Brasil no verde e amarelo, que acabam por manchar nossa bandeira de vermelho, com o sangue de todos aqueles que estão sendo agredidos e mortos pelo discurso de ódio.

Nossa bandeira é machada com o sangue de:

Moa do Katendê;

Jullyana Barbosa

Khaliu Turt;

Mayra de Souza;

Tatiane Spitzner;

Isabela Miranda de Oliveira;

Pedro Gonzaga;

Evaldo Rosa dos Santos;

Entre tantos outros.

Enfim. Meu texto foi só uma reflexão. Eu não tenho uma resposta para como melhorar isso pois, eu gostando ou não, foi uma escolha democrática. A única coisa que posso sugerir é o clichê de não desistirmos e sermos resistência. Eu poderia muito bem colocar aqui uma lista de livros de história para os bolsonaristas lerem, mas honestamente o máximo que eu conseguiria seriam frases como: “Volta pra cozinha”, “você não sabe do que fala porque só tem 19 anos”, ou o clássico “vai pra cuba”. Então, se você está lendo isso e concorda comigo, você já sabe nossa situação e sei que está lutando para fazer a mínima diferença. Precisamos estudar regimes e governos, nos manter informados para debates futuros, tentar mostrar para os que não estão de olhos completamente fechados o outro lado da história.

Não podemos mudar o passado, mas podemos lutar para que o mesmo ódio não se engrandeça novamente no futuro.

O grito do artista pertence à todos

Quando vamos ao teatro passamos por um processo: ficamos ansiosos para ver o que aquilo pode nos proporcionar, depois nos anestesiamos do mundo exterior durante aquele espetáculo e saímos de lá crentes de que o mundo é um lugar melhor, onde todas aquelas possibilidades que nos foram mostradas são possíveis. O único problema é que não sabemos o que acontece atrás das cortinas, não conhecemos o mundo daqueles personagens quando eles não estão ali nos entretendo. Esquecemos que, na verdade, não são personagens, são pessoas. E que por trás de tudo aquilo, existe uma realidade.

No mês de agosto do ano passado, 2018, estreou a peça baseada no romance homônimo de Gaston Leroux, “O Fantasma da Ópera”, com a produção da Times 4 Fun no Teatro Renault. A última temporada custou 45, 3 milhões de reais, de acordo com o Jornal Nexo, e 28,6 milhões foram captados pela Lei Rouanet.  O espetáculo foi prorrogado por conta do sucesso da produção. No momento em que lemos isso sentimos uma certa felicidade pelos artistas, tendo seu trabalho reconhecido e adorado. Mas lembra da história dos bastidores, que não sabemos o que acontece lá trás? Pois é, acontece muita coisa, e a última delas é a valorização de seu trabalho. Então aqui vai algumas informações necessárias:

É triste, certo? Mas os artistas não desistiram, foram atrás da produtora T4F e conversaram com a Diretora Renata Alvim, nessa conversa ela confirmou que teve descontos dos salários de dois atores, mesmo apresentando atestado médico, mas que o caso já estava sendo investigado. O elenco clama por mais descanso, por um melhor revezamento e cronograma de apresentações.

Devemos lembrar que seu trabalho é exaustivo, até existem técnicas para que aguentem seu trabalho sem entrarem em colapso, eles praticam exercícios que o levam á exaustão, o que prova que exige muito deles. Segundo o grupo Artistas Unidos, que abraçou a causa do elenco e luta ao lado deles por uma valorização do trabalho e melhoria das condições, o teatro musical demanda competências e requisitos específicos. Já nas audições, que são feitas em muitas etapas, é exigido do ator um preparo técnico, sem retorno financeiro ou garantia. Uma apresentação comum de teatro fica em cartaz de sexta a domingo, na maioria dos casos, quando não são feitas só de sábados e domingos. Já os musicais ficam em cartaz de quarta ou quinta à domingo, duas sessões por dia. Sim, é cansativo, porque além de atuar, o artista deve cantar e dançar. Isso é o básico, porque às vezes ainda precisa fazer circo e acrobacias diferentes.

Tendo esse problema em vista, o elenco pedia por um revezamento com outros artistas. Só bailarinos masculinos tinham direito à essas alternâncias, uma bailarina disse que revezamentos eram feitos só em caso de vida ou morte. E foram prometidos que tanto bailarinos, quanto atores teriam com quem revezar. E no meio dessas negociações um ator foi demitido, o alternante de Thiago Arancam, o fantasma. Haviam rumores de que ele era o favorito pela diretora e teve seu contrato renovado, decidindo que não fazia sentido ter outro ator para revezar com ele. Realmente, super desnecessário, né? (fui irônica) Será que essa moça quer um cotonete? Ou talvez um gravador para que ela se lembre do que falou? Ah, é… gravaram, ela sabe e não concorda que tenha sido gravada. Engraçado.

A T4F anda fingindo que não escuta, ou que não lembra ou se fazem de perdidos. Eles tiveram a coragem de não deixar um fiscalizador do SATED (Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos) entrar no Teatro Renault, o que o obrigou a prestar um boletim de ocorrência e agora estão aguardando um inquérito policial, para investigar os abusos trabalhistas que foram apresentados.

Realmente nossos artistas não estão sendo respeitados. O que nos faz repensar se a própria cultura tem sido tratada de forma correta. Aquela responsável pela valorização de uma identidade nacional, pela representação de um povo e seus direitos. Os artistas sempre tiveram o papel de representar o povo, suas indignações, suas lutas. Se os artistas estão feridos, acreditem: isso diz respeito à todos. Eles são a voz do povo e veja bem de perto, o povo está ferido.

Michel Temer tentou extinguir o Minc (Ministério da Cultura) e Bolsonaro já confirmou diversas vezes que quer ver a extinção do Ministério da Cultura, tanto que ela já entrou em um buraco profundo de desvalorização. Agora ela foi transformada em Secretaria Especial dentro da estrutura do Ministério da Cidadania, que abriga departamentos como esporte e desenvolvimento social. E o próprio ministro da cidadania, Osmar Terra, afirmou que não entende nada de cultura e mesmo assim disse que a estrutura básica será mantida. Poxa, pelo menos isso, obrigada ministro.

A estrutura a qual ele se refere são as quatro sub-secretarias e diretorias, que de fato foram preservadas, o que, na prática, não gera nenhuma economia aos cofres públicos do governo federal, que tinham como principal argumento para essa mudança. Ou seja, essa alteração não gerou economia e ,pior, não gerou nenhum avanço. João Brandt, ex-secretário-executivo do Ministério da Cultura, afirma que o que mudou na prática foi a perda da credibilidade para o tema no governo. Essa unificação de várias áreas em um mesmo ministério, pode ser responsável por travar diversos processos e operações das políticas culturais. De acordo com o ex-secretário, o desaparecimento da figura do ministro da Cultura, é o mesmo que “desaparecer” com esse tema no debate político. Ou seja, o buraco está ficando cada vez mais fundo, e está cada vez mais difícil de se exigir direitos nesse setor.

“Se fôssemos um país desenvolvido, com 40 ou 50 anos de tradição em políticas culturais fortes, independente da estrutura administrativa, essa alteração poderia não ter feito tanta diferença, mas não temos isso. A sociedade ainda não compreende a cultura como parte de uma agenda política de desenvolvimento do país”, quem disse isso foi a artista e gestora cultural, Daniela Ribas.

A cultura reflete um povo e seus anseios, se ela está gritando todo povo e seus direitos, grita com ela. Estamos sendo torturados e, aos poucos, silenciados.

O Que é Ser LGBTQ+ Segundo a Mídia?

Um estudo feito em 2016 pela instituição Mental Health Mates, de Londres, concluiu que a população LGBT tem o dobro de tendências à depressão e automutilação. Outra pesquisa feita pela University College Cork, na Irlanda e publicada em 2017 no Journal of the American Medical Association afirma que 40% dos jovens homossexuais já tentaram suicídio ou pensaram na possibilidade.

            Os dados alarmantes aqui introduzidos são um reflexo de como a sociedade lida com a população LGBTQ+ e podem ser interpretados levando em consideração toda a violência e discriminação enraizada. Dito isso, através da minha própria experiência como bissexual cisgênero, proponho uma reflexão acerca da representação e tipificação da comunidade queer na mídia.

            A própria classificação usando o termo “comunidade” pode ser problematizada se considerarmos os objetivos das lutas por direitos humanos ao redor do mundo. Para combater o ódio e a discriminação, é necessário que haja um componente de identificação entre os indivíduos, expondo uma dicotomia complexa, mas necessária. Além de identificação, também é preciso existir resistência e união.

            Entretanto, o ponto dessa discussão é pensar como a experiência LGBTQ+ como um todo é vivida de forma dúbia. Sim, há uma alta taxa de violência, depressão e suicídio em indivíduos que se diferem da norma heterossexual e cisgênero, mas esse fato não exclui o de que essas experiências vão muito além da violência e do preconceito e podem até ter mais semelhanças com as heterossexuais do que se imagina. Entretanto, a representação no inconsciente coletivo e na cultura popular é sempre ora através de exageros, excessos e cores; ora através de tristeza, frustração e drama.

            O filme “O Segredo de Brokeback Mountain”, por exemplo, retrata um romance trágico e a dificuldade de ser homossexual na sociedade. Além do longa, diversos outros abordam a mesma temática sob um ponto de vista dramático e denso. Também podemos levar em consideração a enorme quantidade de personagens LGBT utilizadas como alívio cômico, personagens de apoio ou, na maioria dos casos, apenas para “preencher uma cota”. Essas personagens geralmente são representadas como efeminadas, escandalosas e com humor ácido, no caso dos homens; ou apáticas, irônicas e másculas, no caso das mulheres.

            Mas qual é o impacto dessas representações na compreensão e assimilação dos indíviduos queer dentro do contexto social? Atualmente é fato consumado que a mídia alimenta alguns padrões de comportamento, como a crença na certeza de um final feliz, na necessidade de estar comprometido com alguém para alcançar a felicidade plena, etc. Até nossas relações e a forma como moldamos nossa identidade são influenciadas pela expectativa que a indústria cultural gera acerca do ideal de “eu” a ser alcançado.

           Dessa forma, é interessante refletir sobre até que ponto a mídia tem um peso na construção da subjetividade – ou de sua ilusão. Ou ainda, sobre se é realmente válido responsabilizar a representação midiática por essa espécie de “educação” social, visto que existem vários outros aspectos simbólicos na produção cultural que não buscam estabelecer uma conexão com a esfera da subjetividade. Seria essa questão uma brecha para relativizar outras mazelas da sociedade e nos isentar da nossa própria parcela de culpa dentro da organização social?

            Apesar desses questionamentos, é importante ressaltar que é inerente ao ser humano buscar uma simplificação lógica de seu próprio psiquismo, e se encaixar em estereótipos é uma forma de buscar sua conexão consigo mesmo. Mas enquanto caminharmos da maneira que caminhamos na contemporaneidade, seguiremos buscando respostas em todos os lugares, exceto dentro de nós mesmos.

O Espetáculo de Eloá

Eloá Cristina Pimentel era uma jovem de 15 anos, estudante, que havia sofrido um término conturbado com seu ex-namorado, Lindemberg Alves de 22 anos.

No dia 13 de outubro de 2008, Eloá retornou do colégio para seu apartamento, localizado em Santo André (ABC paulista), junto de sua melhor amiga, Nayara Rodrigues da Silva e mais outros dois amigos, Victor Campos e Iago Vilera, para estudar. Por volta de 13h da tarde, Lindemberg invadiu o apartamento em uma tentativa de reconciliação. Estava armado e inconformado com o término do relacionamento, mantendo todos ali em um cárcere privado. Após algumas ameaças, acabou soltando os dois meninos do apartamento, mantendo as duas meninas ainda presas.

No mesmo o dia o caso começou a ser gravado e televisionado em vários canais de notícias. No dia seguinte, Eloá foi a uma janela e sinalizou com a mão para Policiais Militares que se concentravam já fora do prédio, e câmeras de televisão, que estava tudo bem, em uma tentativa de “apaziguar” a situação, provavelmente a pedido de Lindemberg. Neste mesmo dia a noite, Nayara, amiga de Eloá, é libertada do apartamento, sem agressões visíveis, após passar cerca de 33 horas presa.

Eloá sinalizando que estava tudo bem // foto: reprodução

Fora do prédio, estavam Policiais Militares, o Grupo de Ações Táticas Especiais, (GATE), e toda uma equipe ali formada para tentar contornar a situação e fazer um acordo com Lindemberg para soltar Eloá. Em uma dessas negociações, decidiram que Nayara deveria retornar ao apartamento, já que esteve lá antes e tinha a confiança do ex-namorado de sua amiga, para uma tentativa de libertação. Nayara então retornou quinta-feira, 16/10. Essa atitude foi considerada “inesperada e irresponsável” por muitos jornalistas e pelo público, pois colocava novamente a vida dela em risco.

A policia decidiu intervir e invadir o apartamento na noite do dia seguinte, sexta-feira, 17/10. Enquanto escalavam, e subiam as escadas do prédio, tudo era transmitido nas televisões. Os policiais quando entraram, empurraram a porta do apartamento. Lindemberg se assustou e disparou tiros contra as meninas. Nayara ficou ferida com um tiro no rosto, foi levada ao hospital e sobreviveu. Enquanto Eloá foi resgatada com um tiro na cabeça e outro na virilha, mas infelizmente não sobreviveu.

O caso durou 101 horas e foi o mais longo de cárcere privado – televisionado, conhecido na história brasileira. Uma das problemáticas é justamente a espetacularização e como a história foi tratada para a TV. A invasão foi mostrada para o país inteiro, com câmeras e repórteres o dia inteiro interrompendo a programação de cada emissora para mostrar tudo com exclusividade. 

Enquanto Eloá ainda estava refém, os noticiários colocavam as atitudes de Lindemberg como um crime passional, tudo feito “por amor” que sentia por ela, enraizando ainda mais o fato de que a violência contra a mulher é um dos temas mais esquecidos pela mídia brasileira.

imagem do documentário “Quem matou Eloá?”

Existem vários textos e estudos sobre esse crime. Um deles é o documentário “Quem matou Eloá?”, criado e dirigido por Lívia Perez. Nele, quatro mulheres que participam de frentes feministas, foram convidadas para comentar sobre o caso. As mulheres criticaram fortemente tanto a postura dos profissionais de televisão, tanto a dos policiais. Elas contam que os jornalistas se apropriaram de situações que não eram deles, uma vez que tentaram mediar a situação entre o criminoso e a refém, tudo por uma questão de ibope, de um “furo” de informação.

Os veículos de comunicação focaram nos seus telespectadores, dando os detalhes de todo o caso, mostrando as estratégias de entrada da PM, mesmo que isso custasse a própria vida de Nayara e Eloá. Era constantemente falado:

“São imagens exclusivas, ângulos que ninguém tem, você não viu essas imagens em nenhum outro canal”.

Em entrevistas concedidas por Lindemberg, os apresentadores ficavam tão excitados em mostrar a conversa do criminoso, e nem se quer prestavam atenção no que era falado. Um exemplo disso foi quando o apresentador Britto Júnior, estava falando com Lindemberg e o criminoso falava que não tinha mais sentimentos. Não tinha o porque de pedirem calma, e mesmo assim Britto pedia para ele manter a calma.

Eloá dentro de seu apartamento // foto: reprodução

Ana Hickmann, apresentadora de entretenimento, também se apropriou do caso, intermediando o público com Lindemberg.

“Lindemberg, se você estiver assistindo a gente, por favor, faça esse gesto, peça para uma das meninas simplesmente acenar, qualquer sinal, só para mostrar que está tudo bem”.

Um dos acontecimentos mais conhecidos é de um advogado que foi ao programa de TV da Sonia Abraão na RedeTV, onde ele dizia:

“Eu sou muito otimista, né. Eu espero que isso termine em pizza, em um casamento futuro entre ele e a namorada apaixonada dele. Ele tá passando por uma fase momentânea, ele tem motivação de viver. Um rapaz jovem, quando se apaixona, muitas vezes ele se desequilibra, mas isso vai terminar realmente em final feliz, graças a Deus, tenho plena certeza e convicção disso.”

Isso demonstra a imagem que criaram do Lindemberg como um “jovem coitado”, “trabalhador”, “que estava passando por um momento difícil”. Enquanto contribui para a criação da “boa imagem” de Lindemberg, romantizando o crime, Eloá era esquecida.

No Documentário, a militante feminista Elisa Gargiulo, opina que a forma como o caso foi abordado, trazia a sensação de ficção, por meio das trilhas sonoras, GC, edição, intervalos comerciais e critica a posição da Polícia Militar pela escolha de horário de resgate das meninas, que coincidiu com o horário nobre, em que as emissoras estariam tendo o maior nível de IBOPE. Elisa discorre também sobre a questão social, uma vez em que Eloá residia em um conjunto habitacional humilde. Ela fala que se fosse um local nobre, provavelmente, a mídia não invadiria o espaço como foi feito.

Elisa Gargiulo no documentário “Quem matou Eloá?” // foto: reprodução

A televisão e os repórteres deixaram suas éticas e morais de lado, para focar na audiência e no que parecia lucrar no momento. Eles se esqueceram que existiam pessoas, seres humanos ali dentro do apartamento. Esse caso definitivamente foi um caso que chocou e que teve, de certa forma, responsabilidade dos meios de comunicação, mas infelizmente esse caso não é único. Diariamente a televisão encobre, ou então retrata apenas um lado de histórias que são bem mais complexas.

Infelizmente Eloá foi uma vítima conhecida, mas existem muitas outras Eloás por aí, que precisamos conhecer.

A ética dos Influenciadores Digitais

A Revolução Digital alterou o modo como se produz e se consome entretenimento. Novas plataformas surgiram e mostraram a necessidade das mídias tradicionais em se adaptarem à Nova Era.

A interatividade tornou-se a principal característica do meio e uma plataforma mostrou-se pioneira no ideal de que qualquer um pode ser produtor de conteúdo. O YouTube, criado em 2005 por três ex-funcionários do Pay-Pal, permite que usuários compartilhem produções autorais através da internet e hoje em dia é o meio de entretenimento mais consumido por crianças e adolescentes.

Com uma audiência de cerca de 4 bilhões de pessoas ao redor do mundo diariamente acessando a plataforma, não levou muito tempo para o YouTube virar desejo de anunciantes e indivíduos passarem a dedicar seu tempo exclusivamente para a criação de vídeos.

Os “youtubers” – termo que se refere aos produtores profissionais da plataforma – são os heróis da nova geração, os novos influenciadores, que vem tirando o espaço que antes só era ocupado por celebridades hollywoodianas ou atletas de ponta, inspiram jovens com a premissa de que pessoas comuns podem alcançar um status de sucesso.

Milhões de seguidores, dinheiro, fama e, principalmente, likes, transparecem como o censual sonho de jovens Y, Z e I. E foi isso que nomes como Whindersson Nunes, Felipe Neto, Christian Figueiredo e Felipe Castanhari conquistaram no segundo maior país consumidor de conteúdo digital do mundo – o Brasil.

Essa promessa imagética de sucesso “rápido e fácil”, no qual o comum passa a deter este estigma de fama, pode ser observada na trajetória do ex-viner americano e, hoje, youtuber, Logan Paul. Uma história não tão diferente da de um piauiense que começa sua carreira com uma câmera emprestada, mas que por sua rapidez, torna-se objeto de estudo deste artigo.

Logan inicia sua carreira digital ainda criança em sua cidade natal, Westlake (Ohio, EUA), junto a seu irmão, Jake, com um canal de esquetes chamado Zoosh. Em 2013, torna-se viral na plataforma Vine (rest in peace). Larga a faculdade, muda—se para Los Angeles e pretende seguir o sonho de ser o maior nome do entretenimento mundial.

Ensaio Fotográfico de Logan Paul na época do Vine

Paul ganha milhões de seguidores, domina o Vine, Facebook e Instagram. Participa de séries televisivas, recebe o convite de filmes, dirige e escreve seu próprio filme, ganha prêmios e estrela séries originais do YouTube Red. Até que em 2016 decide criar um canal de vídeos diários chamado “Logan Paul Vlogs” – e alcança a marca de 10 milhões de inscritos em apenas 340 dias (o mais rápido da história).

Até o momento, o texto parece descrever outra história de vitória americana. O garoto de apenas 24 anos que chega ao estrelato mundial e torna-se referência para milhares de jovens.

“Maverick by Logan Paul”

Porém, o verdadeiro intuito desse artigo é levantar questionamentos. Questões sobre a audiência, justiça e glória.

Se apesar dos números, analisássemos o conteúdo produzido pelo youtuber. Sua mensagem de – marca registrada “Be a Maverick” (seja um Maverick) – seja diferente, quando todos forem para um lado, vá para o outro, não deixem que digam quem você é e sempre pense fora da caixa, é legal, não? Mas se a mesma pessoa que fala isso está constantemente envolvida em polêmicas e má conduta, deixa de ser tão legal, não é mesmo?

Cena do clipe “No Handlebars” de Logan Paul – 42 Milhões de views e hoje fora do ar.

Ao longo dos atuais 18,8 milhões de inscritos, Logan Paul apresentou um conteúdo muitas vezes irresponsável, sexista e enganador, encoberto por discursos motivacionais, vitoriosos e validados pela sua legião de fãs – a “Logang”. No clipe “No Handlebars”, Paul monta várias mulheres como uma bicicleta e as guia no refrão, traduzido livremente, “eu posso montar na sua garota sem guidão / eu tenho andado com a sua garota / ela está sentindo as minhas… garras”. Além disso, utiliza de colegas como Amanda Cerny e Alissa Violet em poses sensuais para atrair visualizações. 

A dramatização da briga com o irmão, também youtuber, Jake Paul, rendeu milhões de acessos e um dos vídeos mais clicados de seu canal – “The fall of Jake Paul – feat. Why Don’t We” (A queda de Jake Paul) com mais de 223 milhões de views. Tudo resultado do fato de Logan ter traído a confiança do irmão e utilizar desse motivador nos vídeos.

Introdução do clipe “The Fall of Jake Paul feita. Why Don’t We” – 224 Milhões de visualizações.

Outros exemplos de polêmicas envolvendo o youtuber podem ser citados facilmente no texto, mas o principal fator a ser discutido é: como debater a ética das ações de Logan, se elas eram validadas por milhões de outras pessoas? Quais os valores do grupo que acompanha o produtor de conteúdo? Existe uma amoralidade em Logan Paul? O que é certo e o que é errado se aparentemente o mundo só aplaude suas ações? 

O indivíduo escolhe sua moral, a consciência é o seu único juiz, mas quando existe tendência do júri, a dificuldade de discernir seus valores e costumes do que se é aceito pelo outro, torna-se quase impraticável. 

Abertura da série produzida no Japão em Dezembro de 2017

A última gota dessa dúvida sobre as ações de Paul foi em sua viagem ao Japão no final de 2017. Em sua série intitulada “Tokyo Adventures” (Aventuras em Tóquio), Logan é criticado por suas atitudes culturalmente insensíveis – como jogar uma Pokebola em um policial – e em viagem ao Monte Fuji, o youtuber passa pela Floresta de Aokigahara, também conhecida como Floresta do Suicídio devido a infâmia de ser o local procurado por cidadãos japoneses para tirarem as próprias vidas – o que infelizmente é um problema recorrente no país – e grava um cadáver recentemente falecido. 

Trecho no qual Logan Paul joga Pokebola em um Policial

O tom cômico do vídeo e a falta de repertório sobre o tema – fora toda a problemática de suas atitudes – fez o vídeo receber críticas de celebridades e políticos, além de ter sido abominável por outros criadores da plataforma. Logan Paul exclui o vídeo em menos de 24 horas e como consequência o “hate” (ódio) toma conta de suas redes sociais.

Logan posta um vídeo de desculpas sobre o ocorrido e pede que os fãs não defendam mais suas ações, que não o perdoem e reconhece a irresponsabilidade de como tratou o ocorrido. O youtuber, após o vídeo, faz um hiato de um mês e sofre as consequências de seus atos.

Petições exigindo a retirada de seu canal do ar foram feitas, a plataforma lança nota dizendo repudiar o ocorrido e os projetos originais de Logan Paul são cancelados. O rapaz de 22 anos na época é removido do Google Preferred – serviço de anúncios premium oferecido aos principais profissionais do YouTube -, tem sua imagem destruída na internet e acaba recebendo ameaças de usuários no Twitter.

Apesar da pressão e repercussão internacional, Logan – garoto propaganda do site no Rewind 2017 – não teve seu canal banido pela plataforma por não ter infringido as diretrizes do YouTube. “Acreditamos que ele exibiu um padrão de comportamento em seus vídeos que torna seu canal não apenas inadequado para anunciantes, mas também prejudicial para a comunidade de criadores em geral”, diz Susan Wojcicki, chefe do YouTube.

Logan e Jake no YouTube Rewind de 2017

Compreende-se que as atitudes do youtuber são e devem ser repugnadas por qualquer um em seu juízo perfeito, mas se antes do ocorrido ele não fosse o “todo poderoso Logan Paul”, o produtor que rende milhares de dólares a empresa YouTube e atraia mais e mais investidores, a punição seria a mesma?

Em casos, não similares, mas envolvendo influenciadores famosos – como o do Júlio Cocielo, durante a Copa de 2018, com o jogador francês Kylian Mbappé -, a punição econômica/financeira das empresas que patrocinam e promovem os influencers é o melhor modo de aprendizado do que é certo e errado? Existe alguma outra forma de se punir situações que, apesar dos pesares, seja algo realmente capaz de alterar a percepção do ser sobre determinados temas?

Trecho de “Suicide: Be Here Tomorrow” – 30 Milhões de Visualizações

Logan Paul retornou ao YouTube em 24 de Janeiro de 2018 com a mensagem do vídeo “Suicide: Be Here Tomorrow” (Suicídio: Esteja Aqui Amanhã) – 30 Milhões de visualizações -, uma espécie de documentário contando a busca do influenciador sobre a compreensão de seu erro, sobre o tema e sobre como não esperar ser perdoado ou esperar que o tempo esqueça o que ele fez, mas que pessoas precisam de chances de redenção, chances de mostrarem aprendizado e chances de melhorarem.

Lógico que um vídeo de desculpas e a doação de 1 milhão de dólares feita por Paul para diferentes organizações de prevenção ao suicídio, não são o bastante para que fãs e todos aqueles que acompanharam o caso perdoem o youtuber. Mas é um começo válido.

Em relação aos que pediram o fim do canal do influenciador, por qual razão um erro – independente de sua proporção – é justificável de, um terceiro sem autoridade, querer determinar a justiça e a punição do outro? Aos que enviaram ameaças e o desejo de morte a Logan, onde está a ética e a moral de suas palavras? Este parágrafo não está aqui para minimizar o ocorrido, mas para questionar o seu posicionamento em relação a um erro. Erro que você poderia ter cometido.

Montagem do evento na Floresta do Suicídio

Nada justifica o episódio, o que Logan Paul fez foi ética e moralmente errado. O digital colocou milhares de pessoas acompanhando cada passo que ele dava, e quando errou, milhares de pessoas estavam acompanhando para apontar o dedo e criticá-lo.

A massiva quantidade de olhos que o digital foi e é capaz de colocar sob quem está no centro dos holofotes caracteriza algo nunca antes visto. Estar exposto ao julgamento do outro – que nem sempre compreende os caminhos que levaram a determinadas situações e a formação do indivíduo como ele é – são capazes de alterar a mentalidade e o modo como as pessoas se portam. 

Em uma pragmática necessidade de se manter relevante, em um ambiente onde todos competem por atenção, de estar sempre elevando o nível de seu conteúdo em busca de um próximo “viral”, de se produzir sempre mais e conseguir a validação de seus atos, não há limites para os que se exibem nos trendings. 

Hoje, Logan mantém um conteúdo menos ativo no canal de vlogs, possui uma equipe que assessoria sua vida profissional que está moldando uma nova imagem para o influenciador. Além disso, montou um Podcast chamado “ImPaulsive” que vem ganhando espaço na programação digital por sua qualidade e mantém contato com Kevin Hines* – que participou de seu vídeo de redenção -, orador de prevenção de suicídio, autor e diretor do documentário “Suicide: The Ripple Effect”.

Capa do Podcast de Logan

Talvez o hiato tenha realmente mudado a percepção de Logan sob o mundo que o cerca. Talvez seja muito cedo para falar de uma real mudança. Talvez não tenha mudado absolutamente nada. Mas o certo é, esse episódio marcou definitivamente sua vida.

Vídeo: “Why 2018 was the most important year of my Life” – 7,8 Milhões de Views

*Kevin Hines é sobrevivente da própria tentativa de tirar sua vida ao saltar da ponte Golden Gate em San Francisco no ano 2000. 

A trágica história por trás de Dumbo

Por Giovanna Imperatore

O FILME DUMBO

O clássico filme da Disney, Dumbo, foi lançado em 1941 como uma animação e em 2019 foi relançado em live-action.
Dumbo é uma história sobre um elefante que vive em um circo e tem orelhas gigantes que o levam a ser o centro das atenções. Mais tarde descobrem que ele pode voar.

Ao olhar a história do Dumbo, pode-se pensar que é apenas um desenho engraçado e divertido. Porém, por trás de animação, há uma crítica profunda aos circos com animais.
Dumbo foi separado de sua mão quando pequeno e foi explorado pelo circo e utilizado como um objeto, como uma atração.

Entretanto, poucos conseguem entender e internalizar a triste realidade vivida por Dumbo. Após assistirem o filme, o público separa a realidade de Dumbo do mundo real, acreditando cegamente que aquilo é apenas um filme e não a realidade.

Desta forma, quando o indivíduo termina de assistir o filme, muitas vezes ele não associa essa crítica a todos os locais de entretenimento que utilizam animais. Muitos vão em zoológicos, aquários, circos com animais ou pior, não vão nesses locais no Brasil mas quando viajam para o exterior vão no Sea World ou em Safáris onde os animais são “livres”.

Foto postada no Instagram da ong PETA.
Tradução: Todos os abusos que os elefantes sofrem em Dumbo acontecem nos circos, filmes e na televisão com elefantes reais.

A VERDADEIRA HISTÓRIA POR TRÁS DO CLÁSSICO

O personagem Dumbo foi baseado na história de um elefante real chamado Jumbo. Ele era conhecido como o maior elefante do mundo. Ele foi capturado na África e separado da sua família quando era apenas um bebê. Seu criador o utilizava como atração em zoológicos.
As pessoas montavam nele fazendo-o carregar muito peso diariamente.

Jumbo sofria de ataques de raiva durante a noite, seu cuidador dava uísque para o animal na tentativa de acalmá-lo.
Os ataques de raiva se davam pelo fato do animal ficar preso e sofrer uma exploração intensa. Em seus ataques de raiva ele quebrava as suas presas.
Seu comportamento a noite acontecia também pela má alimentação. Ele não era alimentado corretamente como um animal em seu habitat natural. Por conta disso, não conseguia desgastar seus dentes, sofrendo assim de uma dor terrível.

Os elefantes de circos e zoológicos têm as presas desgastadas, esfregando-as constantemente em sinal de agitação e estresse.

Jumbo foi vendido para um circo em 1882.
Jumbo morreu com 24 anos quando foi atropelado por um trem. Ele e outro elefante menor estavam embarcando para outro circo.
A média de vida de um elefante livre é 60 anos.

O elefante Jumbo passeando com visitantes em um zoológico em Londres.

Depois da sua morte, descobriram que Jumbo tinha diversas lesões nas costas e nos joelhos por conta do peso excessivo que ele carregava.

A pesquisadora Miller encontrou grandes níveis de nitrogênio nos pelos da cauda de Jumbo, o que indica que ele não era saudável. Segundo ela, o corpo do animal não recebia os nutrientes necessários, seu organismo extraía níveis anormais de nitrogênio dos alimentos na tentativa de cicatrizar as frequentes lesões.

ÉTICA E MORAL APLICADAS AO REINO ANIMAL

“O ser humano é um ser social” é o que dizem muitos pensadores, porém os elefantes também são, eles dependem do seu convívio com seus semelhantes.

Os elefantes em cativeiro não têm contato nenhum com outros elefantes, eles não podem comer folhas das árvores e nem brincar com suas crias.
Alguns elefantes morrem de depressão com três anos de idade.

Os elefantes são utilizados como atração, comercio e entretenimento. A sociedade acredita que é ético explorar elefantes para benefício próprio. Não há nenhuma lei que proíba animais em cativeiro. A moral não se aplica ao sofrimento dos elefantes.

A moral passou a significar, segundo Hegel, um conjunto de valores individuais e a ética de valores sociais.
Alguns indivíduos tem como um elemento da sua moral, a crença de que a exploração de elefantes é errada. Porém, nesse caso, o que conta é a ética da sociedade como um todo. A ética social concorda com o tratamento dado aos elefantes.

O PROBLEMA DA ANIMAÇÃO

O problema da animação de Dumbo é que ela suaviza a realidade vivida por Dumbo, dando a impressão de que o seu sofrimento não era tão intenso. O live-action dirigido por Tim Burton consegue mostrar mais a dolorosa realidade de Dumbo.

A animação trás um ar engraçado e de comédia, diferente do filme do Tim Burton que mostra a realidade de Dumbo e tudo que ele sofreu sendo apenas um bebê.

O trailer do filme é extremamente tocante e sensível. A produção fez um conteúdo emotivo para abordar o assunto que é muito delicado. Conteúdos emotivos tem maior chance de aceitação e visualização, e essa técnica foi utilizada na produção do filme.

Link para o trailer do live-action do Dumbo:
https://www.youtube.com/watch?v=sZKXLmB_vGE

Imagem do filme Dumbo (2019) dirigido por Tim Burton

UMA CRÍTICA A ÉTICA

A ética pessoal é seletiva e cega.
Ela vê aquilo que quer ver.
Ela acredita no que quer.
Ela luta por igualdade
e contra a tortura,
mas fecha os olhos
para a tortura animal,
como se a sua dor não fosse igual,
como se o animal sentisse menos,
como se ele fosse feito para isso.
A ética pessoal finge não ver quando passa
pelas gaiolas,
pelos cativeiros
Desvia o olhar.
Para não sentir
Para não aceitar
Para não mudar
A realidade de uma vida inteira
De dor e sofrimento

Foto de dois elefantes que foram separados e usem as trompas para se despedirem.

A Fórmula 1 e sua área comercial

por: Gabriel Zambom

A Fórmula 1 teve seu inicio em 13 de maio de 1950 na Inglaterra com o Grande Prêmio de Silverstone abrindo a Temporada.

   Os custos de cada corrida eram bancados pelas equipes e organizadores.

   O mercantilismo não foi explorado por quase duas décadas na categoria, até que  em 1968 a parte comercial começa a dar as caras na Fórmula 1, com a chegada da marca de cigarros Gold Leaf para patrocinar a equipe Lotus.

Lotus 49 de 1968 – o nome oficial da equipe passa a ser Gold Leaf Team Lotus

 Chegam os anos 1970, com a crescente popularização da categoria mundo a fora, muitas empresas foram em busca de um espaço na categoria tais como Marlboro, John Player Special, ELF, etc. Além disso foi ficando cada vez mais nítido a necessidade de uma organização maior para administrar os passos da categoria. 

  Uma associação é criada pelas equipes inglesas da F1 em 1971, a FOCA, (Formula One Constructor´s Association), essa tinha o objetivo de negociar suas participações em Grandes Prêmios, junto aos organizadores das competições. A FOCA era dirigida pelo chefe da equipe Brabham, Bernie Ecclestone (que nitidamente levava mais jeito de administrador comercial do que chefe de equipe), tanto que já em 1972 com os poderes que foi adquirindo, Bernie foi criando e organizando as condições para a realização de cada Grande Prêmio, tais como um valor anual que os proprietários dos circuitos pagam para que a F1 realizasse uma corrida naquele país, os circuitos tinham de ter estruturas que comportassem todos os componentes que vem no chamado “circo” da Fórmula 1.                      Apesar dessas e outras condições até mais exigentes os proprietários dos circuitos foram sendo “obrigados” a aceitar tais condições se quisessem continuar sediando GPs de F1, o faziam, pois isso gerava muitos lucros para muitas partes envolvidas.

Bernie Ecclestone (à esquerda) com Niki Lauda. Parmalat como destaque patrocinando a Ferrari do campeão de 1975 – (foto de 1976)

Além dos proprietários dos circuitos, as emissoras de televisão muito impulsionadas pelas disputas ferrenhas travadas na pista desejavam ter a autorização para transmitir as corridas da categoria em seus respectivos países, pois além de lucrarem muito com isso, seu público queria ver tudo e mais um pouco que acontecia na pista.

  No Brasil a categoria começou a ser transmitida em 1970 ano da estréia de Emerson Fittipaldi na F1, através da Rede Record. Além da Record, transmitiram também a F1 TV Tupi, Bandeirantes e TV Globo. 

   No ano de 1979a FIA (Federação Internacional de Automobilismo) nomeou Bernie Ecclestone para administrar e negociar os direitos de transmissão de TV da F1.

  Apesar da evolução da área comercial havia relativamente pouco dinheiro de patrocínio comercial e as equipes dependiam muito do “dinheiro por participação” que era pago pelos promotores do circuito, para que as equipes participassem das provas.

   Boa parte dessa dependência terminaria nos anos 1980 pois, comercialmente, foi o período que a F1 mais cresceu, as maiores brigas na pista ocorreram nesta década: Nelson Piquet – Carlos Reutemann 1981, Nelson Piquet – Alain Prost 1983, Niki Lauda – Alain Prost 1984, Nelson Piquet – Nigel Mansell – Alain Prost 1986, Piquet-Mansell 1987 e Ayrton Senna – Alain Prost 1988, 1989 e 1990 são alguns exemplos.

   Com isso a chegada de mais patrocinadores se deram (West, Cânon e Camel estão entre eles). Além disso os Grandes Prêmios passaram a ter patrocinadores em seus nomes oficiais tais como Shell Oils British Grand Prix (Grande Prêmio Shell da Inglaterra 1988),Grosser Mobil 1Preis von Deutschland (Grande Prêmio Mobil 1 da Alemanha 1990)algo que deu uma visibilidade a essas e outras marcas.

Piquet VS Mansell tiveram grandes brigas na pista e até fora dela em 1986 e 1987, foto de 1986. Canon como patrocinadora Master da Williams. 

Piquet VS Mansell tiveram grandes brigas na pista e até fora dela em 1986 e 1987, foto de 1986. Canon como patrocinadora Master da Williams.

Ayrton comemora a vitória no GP da Inglaterra de 1988. GP patrocinado pela Shell.

AAproveitando o sucesso da Fórmula 1 os custos para as emissoras de televisão aumentam, afinal o faturamento não pode parar. E quando se tratava de faturamento maior, Bernie Ecclestone era um mestre em fazer isso acontecer.

   Mas o sucesso da F1 era tanto nesse tempo que os custos eram o de menos para as emissoras e autódromos. Tanto que já nessa época todos os continentestinham transmissão da categoria.

   Como nem tudo são flores, se havia disputas ferrenhas na parte da frente do Grid, a parte de trás tinha uma inferioridade muito grande. Tudo isso pela influência financeira. 

   Para exemplificarmos, os altos custos foram algo que a partir da década de 1990, fizeram com que os patrocinadores que investiam em equipes pequenas na F1 começassem a querer se afastar, pois havia muita desigualdade na pista e as equipes as quais patrocinavam não conseguiam resultados expressivos. Para se ter uma referência, orçamentos de equipes grandes tais como Ferrari, Williams e McLaren superavam os 150 milhões de dólares anuais de orçamento, enquanto equipes como a Larrousse não ultrapassavam o orçamento de 30 milhões de dólares anuais.

Ayrton Senna e a McLaren MP4/5 de 1990. A equipe tinha mais de 150 milhões de dólares anuais de orçamento. Maior parte vinha da Philip Morris com a Marlboro que dava nome a equipe inglesa: Marlboro McLaren-Honda.   

A Larrousse de Aguri Suzuki em 1990. Orçamento? Quase nenhum. Para sobreviver na F1 suava para conseguir 30 milhões para desenvolver o carro, pagar pilotos, equipamentos e integrantes da equipe. 

A desigualdade orçamentaria fez com que equipes pequenas solicitassem à FIA mudanças no regulamento para que a diferença entre equipes grandes e pequenas diminuísse.

   Tal solicitação foi atendida em 1994, com mudanças radicais no regulamento, tais como retirada dos freios ABS, controle de tração e a suspensão eletrônica.

   Novos patrocinadores dão as caras nas equipes, na expectativa dessa promessa de melhora na competitividade.

   Para 1994 a Benetton troca a marca de cigarros Camel pela Mild Seven e a Williams troca Canon e Camel pela Rothmans

A Williams de Senna em 1994, a equipe sofreu sem os componentes eletrônicos permitidos até 1993. Acima, sua rodada no GP do Brasil de 1994 quando tentava alcançar Schumacher. 

 Porém, o que se viu foi sem dúvida uma maior competitividade, porém não nas equipes da frente, pois a Benetton disparou na liderança com Schumacher. O alemão venceu as provas de Brasil, Pacifico, porém o pior estava por vir.

   GP de San Marino de 1994, o Grande Prêmio que fez a F1 repensar as mudanças que tinha feito no regulamento. Em três dias, quatro acidentes e duas mortes.

Acidente Rubens Barrichello bate na curva Tamburello na sexta feira 29/04/1994
Batida de Roland Ratzemberger na curva Villeneuve no sábado 30/04 o piloto morreu no local.
Pedro Lamy e J.J. Lehto batem na largada do GP de San Marino 01/05/1994
A Batida que vitimou Ayrton Senna no domingo 01/05/1994. Na curva Tamburello a mais de 300 km/h.

   Após os terríveis acidentes, ocorreu uma grande reflexão sobre o rumo que a F1 estava levando, o corte de tecnologia, regulamentos extremos…

   Patrocinadores e investidores começam a pensar se realmente valeria a pena colocar tanto dinheiro em um esporte que em um ano tirou a vida de duas pessoas, o primeiro patrocinador foi justamente a Rothmans que acabara de fechar contrato com a Williams por conta da ida de Senna para a equipe, investindo lá mais de 170 milhões de dólares.

   Com a indignação da torcida os autódromos ficam bem vazios no restante da temporada. Apenas os mais fanáticos compareciam.

   Para 1995 freios ABS e controle de tração retornam, mas o que não retorna é a grande quantidade de patrocinadores e torcedores perdidos, apenas uma parcela deles, tanto que equipes como a Pacific, Larrousse, Simtek, abandonaram a temporada, sem recursos financeiros, perdidos em 1994. Mas ao contrário do que se pensava nenhum circuito deixou a F1 e sim houve um acréscimo, o GP da Argentina, iniciado em 1995. O dinheiro investido pela Argentina para a categoria e o entusiasmo dos argentinos para receber a F1 reacendeu em sua área comercial, mesmo com a categoria dominada já por dois anos por Benetton e Williams, a retomada da boa visibilidade visando cobrir a catástrofe que fora feita em 1994, algo não ocorreu como era esperado, pois ao menos uma vez em cada final de semana de corrida, a possibilidade de acidente grave era citada. Schumacher leva a taça de 1995 e a Williams bate na trave com Damon Hill sendo vice-campeão.

   A pré-temporada de 1996 pega fogo, a F1 vê Michael Schumacher deixando a Benetton e indo para a Ferrari na esperança de dar um tão sonhado título a equipe italiana que havia vencido um campeonato de pilotos pela última vez em 1979 com Jody Scheckter. As arquibancadas são tomadas cada vez mais por alemães e a audiência cresce gradativamente. Italianos vendo a Ferrari ter Schumacher ao volante fazem grandes festas nas três vitorias do alemão, Espanha, Bélgica e a mais importante delas naquele ano, no GP da Itália, levando os torcedores da Ferrari a loucura. Porém com o favoritismo grande das Williams, Schumacher consegue ser o “melhor do resto” 3º colocado no mundial. 

A apresentação de Schumacher na Ferrari em 1996

   O potencial de Schumacher e Ferrari faz a principal patrocinadora da McLaren crescer os olhos frente ao alemão e a equipe italiana, a Marlboro.

   Em 1997 a empresa deixa a McLaren, que não fazia um bom carro desde 1993 e põe seu nome na Ferrari, que se torna Scuderia Ferrari Marlboro. 

   1997 que foi um ano de muitas controvérsias com a desclassificação Jacques Villeneuve no GP do Japão e a de Schumacher do campeonato após forcar um acidente sobre Villeneuve no GP da Europa em Jerez de la Frontera. Apesar disso Villeneuve se consagrou campeão pela primeira e única vez, de quebra a Williams viu, com a desclassificação de Schumacher do campeonato mundial, seu outro piloto, o alemão Heinz-Harald Frentzen ser vice-campeão e ainda levou a taça de campeã de construtores. 

Schumacher bate propositalmente em Villeneuve, GP da Europa 1997

   As polêmicas de 1997 fazem com que o GP da Europa deixasse de ser disputado em Jerez e que ele deixasse o calendário. Um prejuízo enorme para a categoria, pois Jerez sediaria o último GP da temporada de 1998 também, e poderia se tudo ocorresse como a direção da categoria desejava, decidir o campeonato lá outra vez. Outra grande perda foi a saída da Goodyear, fornecedora de pneus principal da categoria por décadas.

   Após a grande polêmica envolvendo Villeneuve no Japão e em Jerez de la Frontera a Rothmans deixa a Williams que perde em seu orçamento àquela altura os mais de 170 milhões de dólares investidos pela marca de cigarros anualmente.

  Com o domínio da Williams rendendo já dois anos novas mudanças para 1998 na tentativa de que a competitividade aumente todas as equipes adotaram o motor V10 3.0 girando em torno de 800cv, apesar desse já se mostrar a configuração ideal e em maior parte adotado pelas fabricantes, pneus Bridgestone com sulcos chegam a F1, não mais os slicks, e o domínio troca de mãos, a McLaren com a marca de cigarros West, que trouxe uma bala de dinheiro, motores Mercedes renasce e tendo David Coulthard e Mika Hakkinen no cockpit. Vence o mundial de pilotos com Hakkinen e também o de construtores. A Ferrari arranca um vice-campeonato de pilotos com Schumacher e um vice de construtores.

Hakkinen e Coulthard com a McLaren MP4/13 de 1998 no GP da Argentina 

Vendo essa acirrada disputa governantes da Malásia entram em contato com a equipe de Bernie Ecclestone, querem sediar o primeiro Grande Prêmio da Malásia em 1999. Após negociações e a promessa de se fazer o autódromo mais moderno da F1 na época a equipe de Ecclestone e governantes da Malásia fecham negócio foram gastos mais de 100 milhões de dólares para tudo do circuito ficar em perfeitas condições para a F1 em 1999

   Foi nítido o acerto de regulamento de motores e pneus tanto que em 1999 apesar do titulo de pilotos ficou novamente com Hakkinen, o de construtores foi para as mãos da Ferrari em uma dura batalha do início ao fim do campeonato.

  Chega 2000, com 250 milhões de dólares da Marlboro, mais um dinheiro vindo da dona, a Fiat, chegada de TIM, Tic Tac e FEDEX com grandes investimentos a Ferrari acerta de vez no projeto, 10 vitórias, 10 pole positions e a vitória do mundial de pilotos com Schumacher, 21 anos depois de Jody Scheckter em 1979 e o de construtores também, assim como 1999.

Schumacher se torna tricampeão de formula 1 em 2000 e quebra jejum de títulos da Ferrari após 21 anos. 

   Para 2001, o novo milênio, mais uma grande mudança, a volta da chamada “Guerra dos Pneus”, mais de uma fornecedora de pneus na categoria, Bridgestone e Michelin duelam para buscarem desenvolver o melhor composto. A maioria das equipes optou pela Bridgestone, apesar de sem esconder a fornecedora favorecer a Ferrari.

Raikkonen de McLaren e pneus Michelin (à esquerda) VS Schumacher de Ferrari e pneus Bridgestone (à direita).

  De 2000 a 2004 a Ferrari ganhou de tudo e de todos algo que fez o público e o faturamento da F1 oscilar, mas um episódio quase marcou o fim de GPs disputados na Áustria. O GP disputado em 2002 com a troca de posições entre Rubens Barrichello e Michael Schumacher quase na linha de chegada. Algo que gerou vaias e constrangimento. 

Barrichello por ordem da Ferrari sede a posição a Schumacher na linha de chegada no GP da Áustria de 2002.
Constrangimento de Schumacher e Barrichello no pódio.

  Em 2005 passa a ser proibida a troca de pneus durante as corridas o domínio passa a ser da Renault e dos pneus Michelin. Ocorreu no entanto, um episódio catastrófico no GP dos Estados Unidos. A Michelin fornecedora de pneus das equipes McLaren, Renault, Toyota, BAR, Red Bull, Sauber e Williams, alegou que havia risco muito grande de estouro dos pneus em alta velocidade, em especial na curva 13 do circuito de Indianapolis devido a temperatura que os pneus chegavam naquela corrida. A fornecedora de 7 das 10 equipes da F1 solicita àquelas que usavam seus compostos a não participar do GP para a segurança dos pilotos e espectadores, algo que indigna o torcedor americano que pede reembolso dos ingressos e consegue! Com isso os milhares de dólares que a F1 arrecadaria são perdidos e tal evento culminaria na saída da Michelin em 2006 e fim do GP dos EUA, por falta de público e intenção de investimento em 2007.   

   Devido a não permissão de troca de pneus, a diminuição nítida de possibilidade de estratégias, deixam as corridas mais monótonas. Com isso um público grande foi perdido, impulsionado também pelo vergonhoso GP dos EUA.

Grid do GP dos EUA – somente 6 carros, aqueles que utilizavam pneus Bridgestone.

   Na tentativa de consertar os erros cometidos em 2005, mudanças radicais foram propostas para a temporada seguinte.

   Para 2006nova grande mudança, desta vez os motores os 3.0 V10 de 900cv deram lugar aos 2.4 V8 de 750cv e a troca de pneus volta a ser permitida.

   O público perdido em 2005, volta a ser atraído, diferente de 1994 a mudança de regulamento funciona e a publicidade encima da Fórmula 1 dobra de tamanho, fazendo com que a Turquia coloque milhões de dólares na categoria para trazer um GP para o pais. E assim foi feito. A perda foi a saída da Michelin, pondo fim a “Guerra de Pneus” no final daquele ano.

   Outro ponto foi a proibição por parte de alguns países da propaganda da indústria que mais alimentava a categoria, a indústria de cigarros. Com isso a McLaren encerra seu contrato com a West, a Mild Seven sai da Renault, a Luckie Strike sai da BAR.        

   Somente a Ferrari mantém seu contrato com a Marlboro, que a essa altura após os tantos títulos de Schumacher já investia mais de 300 milhões de dólares anuais na escuderia.

Schumacher com o 248 F1 da Ferrari de 2006, Marlboro sempre com grande destaque no carro da equipe italiana.
Como um orçamento de mais de 300 milhões não pode ser jogado fora, a Ferrari achou uma alternativa para disfarçar o patrocínio da Marlboro em países que a propaganda do produto era proibida: o código de barras.

Em 2007foi um ano de impressões opostas por parte dos torcedores, ao campeonato de pilotos foi extremamente emocionante e disputado, sendo decidido na última corrida da temporada, em Interlagos, palco do GP do Brasil, com uma diferença de 1 ponto entre o campeão, Kimi Raikkonen e o vice, Lewis Hamilton, algo que já se viu em 2006 com Alonso e Schumacher, mas a diferença em 2007 foi menor. Tal competitividade cativava cada vez mais os torcedores (eu inclusive que fiz questão de ir ao GP Brasil para acompanhar a decisão do título). Ao mesmo tempo houve um vergonhoso episódio envolvendo a Ferrari e a McLaren. Um caso de espionagem em que um funcionário da equipe italiana passava informações secretas de telemetria e acertos aerodinâmicos para mecânicos da equipe inglesa. Com isso a McLaren teve seus pontos do campeonato de construtores excluídos, fazendo a Ferrari campeã de construtores com grande antecipação e com 103 pontos de vantagem para a segunda colocada a BMW-Sauber. Algo que só não afastou os espectadores pela grande disputa no campeonato de pilotos, porém prejudicou significativamente a imagem da F1, mostrando a vulnerabilidade do sigilo de informações, algo que até então era dado como marca registrada da categoria.

   2008teve mais um ano disputadíssimo no campeonato com o título de pilotos ficando com Lewis Hamilton e o de construtores com a Ferrari, porém um escândalo superou a disputa na pista.

   No primeiro Grande Prêmio noturno da categoria em Cingapura a categoria presenciou o que foi chamado de Cingapuragate. O dirigente da equipe Renault, Flávio Briatore solicitou que seu piloto, o brasileiro Nelsinho Piquet batesse de propósito durante o GP para favorecer seu companheiro de equipe, o espanhol Fernando Alonso, que por conta da batida proposital ganhou a corrida. Briatore foi banido da F1 e Nelsinho acabou com sua carreira ao acatar a ordem. Foi festejado o primeiro GP noturno da F1, mas não se sabia que algo tão grave estava por trás dele. Tal “bomba” para o circo da F1 foi revelado em 2009. Tragédia para a imagem da F1, que juntamente com o domínio da Brawn GP viu seus autódromos vazios durante boa parte do ano de 2009.

O acidente que desencadeou o Cingapuragate.

   O público pediu e os dirigentes comerciais, responsáveis pelo show da F1 atenderam, até 2009 os oito primeiros colocados pontuavam na seguinte ordem 1º = 10, 2º = 8, 3º = 6, 4º = 4, 5º = 3, 6º = 3, 7º = 2 e 8º = 1.

A partir de 2010 para que mais pilotos tivessem como pontuar os 10 primeiros marcariam pontos. De 25 pontos para o 1º a 1 ponto para o 10º.

   Um grande domínio se iniciou em 2010com a equipe RBR e o alemão Sebastian Vettel. Durou anos até que quando a F1 se viu perdendo espectadores, os dirigentes decidiram inovar outra vez.

   Para 2014são trocados os motores 2.4 V8 por 1.6 V6 Turbo. Motores turbo estão de volta depois de mais de 25 anos. Porém agora com tecnologia híbrida embarcada.

   Diferentemente do que queriam os dirigentes comerciais uma nova hegemonia se instala, a Mercedes domina a F1. Para piorar, o barulho do V6 Turbo é péssimo, perderam uma das maiores identidades da categoria, o “ronco dos motores”. Algo que deixa indignados fãs e pilotos. O som dos motores é comparado ao de um aspirador de pó, além da estética terrível dos carros.

Nico Rosberg pilota o modelo W05 o carro da Mercedes de 2014. 

   Em 2015 novos escapamentos são projetados, mas pouco fazem efeito e não melhoram o barulho dos carros. A única coisa que melhora é a estética dos carros com um design mais harmônico.   

   A Mercedes mantém o domínio em 2015, 2016 e 2017 e 2018, mas nesses dois últimos com algumas ressalvas.

   Em 2017 mais um regulamento novo. Os novos dirigentes comerciais da F1, a Liberty Media, um grupo americano propôs essas mudanças. Não houveram mudanças nos motores, somente na estética, querendo um pouco de saudosismo, pneus mais largos, carros maiores e com mais pressão aerodinâmica estão de volta, lembrando assim, os carros dos anos 1980. A Ferrari consegue enfim fazer frente a Mercedes, mas, perde o campeonato no fim do ano. Apesar da Mercedes ter levado a taça recordes de presença em autódromos foram batidos devido a intensidade da disputa de Vettel e Hamilton. Claro que segundo especialistas não é possível comparar essas disputas com as dos anos 1970, 1980 e 1990, mas não é por isso que deixam de ser emocionantes.

   Comercialmente a categoria voltou a um momento delicado na virada de 2018 para 2019, dirigentes das equipes estão insatisfeitos com as mudanças que a cada ano são feitas sempre aos poucos, algo que os faz gastar cada vez mais. Alguns já fizeram até ameaças de suas equipes se retirarem da categoria se a administração continuar como está.

      A busca de patrocinadores darem as caras na F1 é impressionante, por mais que as empresas estejam proibidas de expor seus produtos. Desde 2007 a Philip Morris através da Marlboro está desaparecida da Ferrari, exigia apenas um carro vermelho e branco para associação ao produto. Mas o patrocínio sempre existiu desde 1974.   

Veja a evolução do logo dos produtos Philip Morris em sua parceria com a Ferrari, tudo pela publicidade, pelo contrato e principalmente dinheiro:

Logo utilizado pela equipe de 1997 até 2007.

Logo utilizado entre 2005 e 2009 em países onde a propaganda de cigarros não era permitida. O símbolo da Marlboro era substituído pelo código de barras.

Logo utilizado entre 2010 e 2016. O vermelho e branco, estrategicamente nessa ordem e posição é uma clara referencia à Marlboro.

Logo utilizado entre 2017 e 2018. Com a referência a Marlboro descoberta e nao aceita pela FIA a Ferrari se viu obrigada a utilizar em seus carros seu logo tradicional sem a companhia de um patrocinador.
Porém no GP do Japão de 2018, parte final da temporada, com o lançamento da campanha Mission Winnow, por parte da Philip Morris, “uma iniciativa dedicada à ciência, tecnologia e inovação” segundo a empresa, um logo da companhia voltou a estampar os carros da Scuderia de Maranello.